O sistema nervoso possui notável complexidade, que define uma série de aspectos relacionados à interação dos indivíduos com o mundo. Ele pode ser dividido de muitas formas, que variam de acordo com diversos critérios de classificação. Alguns desses critérios são:
- Critérios anatômicos – sistema nervoso central (SNC; encéfalo e medula espinal) e sistema nervoso periférico (nervos, gânglios e terminações nervosas).
- Critérios embriológicos – prosencéfalo (telencéfalo e diencéfalo – cérebro), mesencéfalo e rombencéfalo (metencéfalo – cerebelo e ponte – e mielencéfalo – bulbo).
- Segmentação ou metameria – sistema nervoso somático (aferente e eferente) e sistema nervoso visceral (sistema nervoso autônomo: simpático e parassimpático).
- Critério comportamental – segundo este critério, o cérebro humano pode ser dividido em quatro componentes principais: córtex sensitivo primário, córtex motor primário, córtex associativo e sistema límbico.
Na seção Componentes do Sistema Nervoso Central, serão descritos todos os componentes que constituem o SNC e suas respectivas funções, utilizando os critérios anatômicos.
Neurodesenvolvimento
Cada vez mais se sugere que os transtornos psiquiátricos evoluem a partir de um neurodesenvolvimento atípico. Os estudos epidemiológicos transversais mais bem delineados evidenciam que mais da metade dos adultos que apresentam algum tipo de doença mental ao longo da vida começa a manifestar seus sintomas já na infância.
Portanto, é fundamental entender a trajetória típica do neurodesenvolvimento para estudar as possíveis implicações de seus desvios na fisiopatologia dos transtornos mentais. O SNC começa a ser conformado a partir da formação do tubo neural, que ocorre na segunda semana gestacional. A formação do tubo neural é definida pela carga genética e modulada por fatores ambientais.
A hipótese de alterações do neurodesenvolvimento tem sido estudada no autismo, no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), no transtorno bipolar (TB) e, principalmente, na esquizofrenia. A esquizofrenia é uma doença de alta prevalência, afetando 1% da população ao longo da vida, sobretudo indivíduos na transição da adolescência para a vida adulta.
Sua etiologia envolve uma série de fatores biológicos (genéticos e do neurodesenvolvimento) e ambientais (infecção viral, lesões fetais, abuso de drogas) que predispõem o indivíduo ao aparecimento da doença. Um dos mecanismos propostos é que a predisposição genética para o desenvolvimento da esquizofrenia determinaria uma maior tendência a fatores ambientais precoces, como complicações obstétricas, infecções virais e lesões fetais.
Essas alterações neurofisiológicas centrais tornariam os indivíduos mais vulneráveis aos fatores ambientais tardios, como o consumo de drogas, para a ocorrência do primeiro episódio psicótico.
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